sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Eu fiz um aborto!



Assim que recebi aquelas tres letras: "Sim...". Que diferente de seu tamanho tinham significados incrivelmente abrangentes. Assim que deixei a ficha cair sobre tudo que aquele sim representava, comecei o aborto.

Não foi fácil! Como havia de ser? Arrancar a força um ser vivo que cuidei dentro de mim durante meses, mas mesmo assim, o fiz.

Eu abortei você, abortei tudo,abortei sua voz, seu rosto, suas mensagens, nossas fotos, suas fotos, eu arranquei com toda força que podia você de dentro de mim e atirei longe, joguei fora como quem limpa a gaveta de tranqueira, jogando tudo que não representa valor algum.
Aqui nesse quarto, sozinha, abortei minhas esperanças, meus sonhos, expectativas, abortei um pedaço de mim junto.

Te abortei a paló seco e você parecia me arranhar por dentro, brigando com meu eu que um dia quis que você ficasse. Eu queria gritar, mas como podia? Eu queria exorcizar, te exorcizar de mim. E eu não contia a disritmia,muito menos a lagrima que caia.

 Como era de se esperar vi a noite passar e antes do dia chegar já não era mais eu alí. Era o que sobrou da interminável madrugada de silencio cortante. Infelizmente a gente tem que acordar,lavar a cara e deixar o dia se arrastar com um sorriso meeiro pra disfarçar.

E como toda agressão ao corpo exige repouso, a tua agressão em mim foi na alma e exige mais. É preciso um tratamento de choque, de fuga dessa realidade. Talvez os meus pontos demorem a sarar. Mas todo sofrimento foi preciso, pois como diria Zeca era "tanto amor em mim, e em ti nem tanto".
E a ferida há de sangrar e eu de estancar a dor com qualquer tipo de escudo que tenha aprendido a criar. E que nenhuma infecção ouse passar.

Enquanto isso vou me drogando com a morfina do realismo, buscando um alivio instantâneo para dores intermináveis!